Exportação de café especial do Brasil aos EUA despenca após tarifa de 50%
Tarifa eleva custo e inviabiliza contratos

As exportações brasileiras de cafés especiais aos Estados Unidos registraram queda histórica em agosto. Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), o país embarcou 21.679 sacas no mês, volume 79,5% inferior ao mesmo período de 2024 e 69,6% menor que em julho deste ano.
A retração é atribuída ao aumento tarifário imposto pelo governo norte-americano, que passou a cobrar 50% sobre os cafés especiais brasileiros. A medida, em vigor desde julho, afetou diretamente os negócios com um dos principais mercados de destino do produto nacional.
Tarifa eleva custo e inviabiliza contratos
De acordo com a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), a elevação dos custos provocada pela tarifa tem levado importadores americanos a suspender, cancelar ou adiar contratos firmados anteriormente.
“A taxação de 50% sobre os cafés especiais brasileiros torna praticamente inviável a realização desses negócios, devido aos preços extremamente elevados, o que justifica essa queda expressiva no desempenho das exportações aos Estados Unidos”, explica a presidente da entidade, Carmem Lucia Chaves de Brito, a Ucha.
Impacto preocupa cadeia produtiva do café especial
O mercado norte-americano é um dos principais destinos para os cafés especiais do Brasil, conhecidos pela alta qualidade, rastreabilidade e produção sustentável. A queda nas exportações compromete o fluxo de receitas e gera incertezas para produtores, cooperativas e torrefadores brasileiros.
Enquanto o setor busca alternativas de mercado, cresce a pressão para que o governo brasileiro reforce a diplomacia comercial com os Estados Unidos e amplie negociações com outros blocos econômicos, como Europa e Ásia.
Caminhos para recuperação
Sem sinais de reversão imediata da tarifa, o setor deverá intensificar esforços para diversificar mercados e promover o consumo interno de cafés especiais. O Brasil, maior produtor mundial da commodity, tem ampliado investimentos em qualidade e diferenciação, mas a instabilidade comercial com os EUA impõe desafios adicionais à competitividade.